30 de set. de 2013

"Meu nome é Ninguém."




“Ciclope, não me faltes
À promessa. Meu nome tu perguntas?
Eu me chamo Ninguém, Ninguém me chamam
Vizinhos e parentes.”
                                       Ulisses, na Odisseia, de Homero.

"Precisaria de uma conversa em particular contigo para avaliar contigo como dirigir o sindicato que não vejo como uma ferramenta de contestação."
                                                                                                           Nilton Ferreira Brandão.




Pode-se questionar nossa consideração, anterior, sobre a menção que faz a Chapa 1 da existência de um “grande grupo”, maior, melhor ou sobre o todo. Pode-se dizer que esteja meio forçado afirmar aquilo. Iremos trabalhar um pouco sobre isso. Talvez o seja, em relação à frase disposta; no entanto, é algo que, facilmente, poderemos demonstrar e comprovar, desde a origem, as ações e propostas 'continuísta' deste Sidiedutec-PR.


Um sindicato não brota de semente e não floresce sozinho; um sindicato necessita muito mais do que terra, sol e água. Um sindicato não é um vegetal e, resumindo, necessita de dinheiro para comprar e investir em produtos materiais que o sustenha. Tendo uma natureza social e um objetivo jurídico e político, duas das principais 'fontes de subsistência' de um sindicato é justamente aquilo que possibilita e mantém a coesão do grupo social representado. São elas, o dinheiro que cada um investe e as informações que todos devem ter acesso: estes duas condições, o financeiro e o informacional, convergindo em ações e práticas comuns, são o que alimentam, nutrem e dão a vitalidade e o caráter de um sindicato.
O dinheiro possibilita materialmente, mas é somente com informação e a partir da permeabilidade do conhecimento comum que um sindicato insurge, se levanta e se mantém. A união da coletividade é fundamental. Em relação aos recursos financeiros, cremos ser uma questão óbvia e fatídica. Já em relação à comunicação e à difusão do conhecimento, existem elementos mais relativos ou aparentes. Isso, também de modo claro, é próprio da matéria, do composto a que serve de base: a notícia e a informação. Como não se trata de um tratado ou discurso acadêmico, basta-nos mencionar aqui uma única questão a respeito: sem informação, o que é comum à comunidade inexiste; e, inexistindo o comum, a comunidade mesma se descaracteriza. Mas isso nos revela algo mais: ainda que a comunidade possa não existir de maneira sistêmica e de modo conscientemente, não quer isso significar que a comunidade se extingua. O mais provável é que “algo” sobre a comunidade a conduza e a manipule, exerça seu controle, etc. Eis aí a importância do conhecimento, dado pela informação, e a essencialidade de seu compartilhamento.
Meios de comunicação débeis, quando não inúteis, são, sobretudo em seu silêncio e seletividade informativa, reflexos de uma orientação política definida e manipuladora.


Façam uma 'pesquisa'. Entrem no site, no facebook, busquem informações pertinentes para cada um de vocês nos meios de informação do Sindiedutec-PR. O site, por exemplo, é um primor: até hoje noticia em seu clipping a reeleição de Obama e, a respeito das eleições para a nova diretoria, as informações, somente em Editais, estão escondidinhas lá em “aquivos para download”. Ou seja, um meio de informação onde sua principal característica é ocultar a informação, restringi-la e não estimular o reconhecimento dos fatos e atos dos e para os servidores em seu sindicato.
Vamos estender este ponto. Um primeiro tema é que, sendo um sindicato e tendo a representatividade DIRETA de todos os servidores, a função e obrigação essencial do Sindiedutec-PR é divulgar as informações comuns e vitais aos trabalhos e às condições de trabalhos destes servidores. Todas as informações: assuntos debatidos, entidades envolvidas, formas e conteúdos, etc. Basta com que deem uma passada de vistas na variedade de temas e ações de outros sindicatos, e, sobretudo, no modo como o fazem. Sem qualquer necessidade de complementação, verão que o Proifes é da mesma qualidade: (des)informa pelo oculto.
Há ainda uma outra relação a ser considerada. Busquem e questionem as ações, ou, no mínimo, quaisquer informações a respeito das variadas questões institucionais, do IFPR, no rol de temas e assuntos do Sindiedutec-PR hoje. Sem receio, não encontraremos absolutamente nada de útil, oxalá de inútil. É como se o Sindiedutec-PR fosse uma alma penada, um ser errante sem corpo ou... domicílio. Sem domicílio? Opa...
Não, domicílio temos! E aí retornamos à Carta Programa da Chapa 1. Diz assim, em letras garrafais: “(…) adquirimos uma propriedade que agora é SEDE PRÓPRIA DO SINDICATO.” Mas não queiram entender a que custo e de que modo, posto que isso ainda não é informação pertinente, para eles, divulgarem publicamente. Segue todavia pior: “Com isto economizamos em torno de mais (d)e dois mil reais por mês para investir em benefícios para nossos filiados!” A conhecer e a se crer, os benefícios a que se referem, com esta “economia”, correspondem a jantares maravilhosos e com sorteios de prêmios deliciosos, festas juninas descentralizadas e amigos secretos perfeitos. Isso se afirma, não é necessário confirmar: “agora podemos projetar outros benefícios: áreas de lazer (salão de festas), (…) além de um ambiente administrativo adequado para o om atendimento da categoria”.
Eis o preço das coisas: pão e circo, diriam os romanos. Temos, definitivamente, grandes “conquistas” materiais. Mas, qual a função e o objetivo do sindicato? A que preços vieram estas conquistas? Temos sido claros e atuantes para que o sindicato se desenvolva e atue em conformidade com nossas necessidades e objetivos? O que é essencial, enquanto sindicato: conhecimento e ação ou churrasco e lazer? Qual sindicato queremos e o que é feito de nosso investimento financeiro no sindicato?
A respeito da “economia”, poderíamos, conscientemente, jogar verde, para ver o que sai (claro, não sai nada porque informação não é o forte, nem o fraco, nem o desejo de compartilhamento). O Sindiedutec-PR possui telefones celulares para a sua diretoria? Se sim, quantos, de que forma são utilizados e a qual custo financeiro? São realmente necessários, ou as tratativas e conversas poderiam, todas elas, serem feitas por blog, e-mail e bate-papo, gratuitos e de amplos acessos? Jogamos verde, eis o “desafio”: se existem telefones celulares institucionais, para o uso da diretoria, então: será que não valeria a pena 'economizar' também por aí? Afinal, seriam recursos que poderíamos priorizar para o compartilhamento de informações de maneira ampla, para que os demais meios de comunicação funcionem melhor e as notícias não sejam restringidas entre aqueles que gozam exclusivamente dos celulares. Reconhecer os custos benefícios, os verdadeiros, deixaria mais claro o porque de não termos acesso e conhecimento das informações, notícias, ações e decisões dos mais variados temas relacionados a nossas instituições, carreiras e trabalhos. Sim, temos SEDE PRÓPRIA. Sim, não sabemos como e a que valor financeiro; mas sabemos que seu custo, social e ideológico, é absurdo.
Por exemplo, a coisa mais banal, hoje, é criar e atualizar um blog, gratuito. Pode-se fazê-lo, inclusive, através do próprio celular, que, se há, é pago por toda a comunidade, ainda que para o deleite exclusivo de alguns poucos... Enfim, compramos uma sede própria e teremos dinheiro para festas e animações coletivas. Infelizmente, no entanto, não sabemos, do Sindiedutec-PR, em seus meios de comunicação e nos meios públicos e gratuitos de informar: o que fez e o que faz, como dispõem e envolve o público, como promove a sua função social e age sobre os debates fundamentais de nossas carreiras e melhores condições laborais, como legitima as decisões de todos, quais os fundamentos das discussões para todos, etc. Mas eis que Obama está reeleito, como todos poderão vê-lo, desde nossa sede própria, em seu salão de festas e mesa de bilhar.


“Ciclope, não me faltes
À promessa. Meu nome tu perguntas?
Eu me chamo Ninguém, Ninguém me chamam
Vizinhos e parentes.”

Assim se apresentou Ulisses para o gigante Polifemo, em sua viagem fantástica narrada na Odisseia, de Homero. Como Ninguém, Ulisses enganou a todos os ciclopes da ilha, cegou Polifemo e, em pele de cordeiro, pode salvar a si e a seus companheiros. Esta história, dada como do século VIII antes de Cristo, repercute por aqui, no Sindiedutec-PR. Nas palavras de seu atual presidente, para todos os membros da Diretoria, ainda em 2011:
“(...) precisaria de uma conversa em particular contigo para avaliar contigo como dirigir o sindicato que não vejo como uma ferramenta de contestação mas que em certas situações tem por obrigação tomar determinados posicionamentos”.

Cegar a informação, omitir a sua responsabilidade e travestir-se de cordeiro. Diz ainda a Carta Programa da Chapa 1: “O site do Sindicato, embora com deficiências devido ao auto custo de empresas especializadas e profissionais da área (jornalistas), é uma ferramenta real de informações, principalmente para os usuários de Convênio com à UNIMED”. Ora, infantilmente, permita-nos, de modo a gerar um escárnio, voltam a afirmar as mediocridades:
  1. o “alto custo” (não auto) financeiro é simplesmente ridículo, podendo ser um custo zero: basta um pouco de honestidade e disposição mínima para fazê-lo. Este próprio blog, por exemplo, ou estes outros dois, http://reconstruirosindiedutec.wordpress.com/ e http://taemovimentoifpr.wordpress.com/, são feitos de forma completamente gratuita. Há, sim e sinceramente, apenas um pequeno esforço coletivo na produção e atualização. E há, além disso, a grata transparência e oportunidade de ser um espaço (para o) público e com a vontade de abrir e permitir o conhecimento, a reflexão, os debates e discussões. Sem nenhum ônus e prejuízo social (financeiro e ideológico), sem qualquer desculpa, sem sequer a obrigação formal.
  2. “ferramenta real de informações, principalmente para os usuários de Convênio” é o grau pior da insensatez de suas sinceridades. O mundo gira, cospe e transforma a sociedade e todas as individualidades, mas nós não precisamos sequer ver ou entender tudo isso, quanto mais participar de alguma manivela, posto que temos casa (teremos salão de festas!) e um site que dá acesso à UNIMED. Que mais poderíamos desejar de um sindicato?

Claro, talvez um jornalista do partido seja interessante... para o grande grupo...


Logo postaremos a sequencia desta análise da Carta Programa da Chapa 1, a que prega e faz o continuísmo.  


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